segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

"Cada geração encontra sua forma de lutar contra as injustiças que encontra"

“Uma idéia de mudança, um desejo de renovação. Somos uma idéia de um mundo onde a corrupção não exista, onde a liberdade de expressão não seja apenas uma promessa, e onde as pessoas não tenham que morrer lutando por seus direitos. Não somos um grupo. Somos uma idéia de revolução. Acreditamos que cada geração encontra sua forma de lutar contra as injustiças que encontra.”  Manifesto no site do Anonymous

Não tenho apreço especial pelo Anonymous, principalmente porque acho que quem protesta, quem luta, precisa mostrar a cara. (Não é essa discussão que quero priorizar nesse post, mas tem um texto muito bom sobre o tema aqui, no blog da Super Interessante).

Mas há uma frase aí acima, em negrito, que é sensacional (tanto quanto o espírito de revolução e mudança). Cada geração atravessa problemas diferentes e cada uma desenvolve as ferramentas que puder para resolver esses problemas.


Eu acredito que a nossa geração, além do ativismo pacífico, está deixando passar uma ferramenta muito importante. Um ferramenta que tem ainda mais poder para mudar o mundo e resolver os problemas à nossa volta. O nome dessa ferramenta é... dinheiro.

Pense nos maiores problemas ao seu redor como violência, obesidade, stress, poluição, desemprego, sistema de saúde precário, corrupção, entre outros. Agora pense em como temos tentando solucionar estas questões. Para resolvê-las a proposta corrente se resume a:

1)    Os cidadãos e as empresas geram riqueza.
2)    Esta riqueza é transferida para o governo na forma de impostos.
3)    O governo se encarrega de resolver os grandes problemas com esses impostos.

É óbvio que esse modelo não funciona. Basta olhar para o lado e ver quais são os motivos que levaram a população às ruas nos últimos meses. Basta ver que são os mesmos problemas enfrentados pelo mundo todo. Basta ver que no domingo passado houve protestos no Brasil, na Venezuela, em Kiev e na França, ao mesmo tempo.

Já testamos também o plano B. Quando o modelo dos impostos deu pau (pois não resolve os problemas na velocidade em que precisamos) começamos a criar ONGs. Afinal, estes problemas são muito complexos para que o governo consiga cuidar de tudo com o cuidado que cada tema merece.

Entra um novo agente na jogada, a Organização Não-Governamental, que funciona com ou sem dinheiro do governo e que também depende do financiamento de cidadãos e empresas. Melhorou o panorama, resolvemos algumas coisas, mas ainda sem a velocidade necessária. Por quê? Porque as empresas, os mais relevantes participantes dessa equação, ficaram de fora!

Cerca de 80% de todo o investimento do mundo é feito por empresas. É algo como dizer que, para cada 1 real que o governo investe em educação no Brasil, as empresas investem 4. E no entanto, tendemos a crucificar quem ganha dinheiro por aqui. Pedir aumento, ok. Ficar milionário, jamais.

O duro é que os pepinos que iremos enfrentar nos próximos anos são muito grandes. As empresas podem (e devem) nos ajudar a resolvê-los, pois são as únicas capazes de criar escala para as principais soluções. Vamos a dois exemplos:

O governo teve um papel importante na criação e regulamentação da internet? Teve. As ONGs têm feito um trabalho importantíssimo para universalizar o acesso a ela? Sim. Mas quem colocou a internet na casa de mais de 100 milhões de pessoas? As empresas.

Quer outro exemplo? Vamos lá. Temos 7 milhões de alunos atualmente cursando o ensino superior na terra brasilis. Quanto tempo demoraria para criarmos este número de vagas através de escolas públicas, somente? Alguém acha que a FGV presta um desserviço ao Brasil?

E porque as empresas entram nessa história de resolver problemas e melhorar a vida das pessoas? Por que implantar um sistema de telefonia em um país? Por que criar vagas em universidades?

Porque elas ganham dinheiro. Porque lucram no decorrer do processo. E tudo bem, esse não é o problema!

Precisamos deixar de odiar a mais-valia. Precisamos deixar de odiar as pessoas que acumulam dinheiro. Devemos odiar somente as pessoas que "contam o vil metal" em detrimento dos outros seres.

Claro que também entram na equação os serviços horríveis de telefonia a que temos acesso. Claro que precisamos avaliar e reavaliar a qualidade da educação oferecida pelas escolas particulares. E aí que podem atuar com mais eficiência o governo e as ONGs. Quando o dinheiro começa a pesar demais, devemos, sim, interferir.

O poder público tem um papel muito importante a desempenhar. Os cidadãos e ONGs também. Mas a verdadeira revolução está nas mãos das empresas.

Os empreendedores podem resolver os problemas do mundo.


PS: Se você chegou até aqui achando que isso tudo é conversa "da direita" e que Marx deve estar se remoendo no túmulo porque o termo "mais-valia" aparece em um blog cujo tema principal é "marketing", calma. Você verá nas próximas semanas uma série de exemplos de empresas que ganham dinheiro e resolvem a vida de muita gente.

Se você é um cara que acha que esse blog é muito "de esquerda", que esse negócio de sustentabilidade não tá com nada, tudo bem. Sua empresa vai falir nos próximos 10 anos ou será comprada por alguém com mais vontade de trabalhar. =)

Se você é um dos que acha que protesto sem violência não é protesto, parabéns. Você é a razão pela qual demoraremos 10 anos a mais na "formatação do Brasil".

2 comentários:

  1. E se você lê sempre e curte o blog, a gente fica feliz por saber que tem mais empreendedores dispostos a nada menos do que mudar o mundo com muito trabalho, dedicação e satisfação :)

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